"O criador é aquele que faz avançar a história da moda" - Didier Grumbach

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Entrevista com Carmen Mayrink Veiga

Carmen Mayrink Veiga


por Eliane Lobato para revista Isto É (2011)

Paulista de Pirajuí, Carmen Mayrink Veiga tornou-se "a papisa da elegância bra sileira" - como é chamada - após casar-se com o empresário multimilionário Tony May rink Veiga na década de 1950. Com uma vida de princesa, conviveu com nobres como a rainha Elizabeth e Lady Di, foi pintada em quadro por Di Cavalcanti e Andy Warhol e des filou seus 400 vestidos assinados por estilistas como Yves Saint Laurent, Valentino e Azzaro nas mais seletivas mansões do mundo. Moradora de um amplo apartamento com vista para o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, e perto de completar 80 anos (dizer a idade é "jeca", segundo ela), Carmen assegura que passar pela desagradável experiência de ter de leiloar bens para pagar dívidas e ver o patrimônio en colher é apenas um capítulo da vida, e não é o mais importante. "O mais importante é ter saúde", diz ela, que há anos sofre de uma doença neurológica não definida.

Istoé - A Sra. está sempre bem arrumada com os cabelos longos pretos e...

Carmen Mayrink Veiga - Eu sou loura.

Istoé - Como assim?

Carmen Mayrink Veiga - Nasci loura, a família inteira do meu pai, italianos de Milão, tem olhos verdes e cabelos louros. Tenho olhos marrons, mas sou loura.

Istoé - Depois é que seu cabelo escureceu?

Carmen Mayrink Veiga - Escureceu nada. Pinto desde os 11 ou 12 anos.

Istoé - O que a sra., referência em elegância, acha da moda atual?

Carmen Mayrink Veiga - Depois de ver as últimas coleções internacionais, cheguei à conclusão de que a melhor coisa é mudar para a Amazônia e escolher a tribo que ande mais enfeitada com penas, franjas, etc., porque a moda, hoje, está para as índias. Por exemplo, o (Roberto) Cavalli não tem uma única roupa que você possa usar para almoçar num lugar chique. Aliás, é um tipo de roupa que eu jamais teria no meu armário uma única peça. A tendência não é mais moda, é fantasia. Na coleção do Marc Jacobs, praticamente tudo é para você entrar numa escola de samba. Tudo muito absurdamente feio e de mau gosto.

Istoé - Onde a sra. se veste?

Carmen Mayrink Veiga - Na minha vida inteira, sempre gostei de roupa atemporal. Durante 40 anos me vesti na alta-costura do (Yves) Saint Laurent e do Givenchy, esporadicamente também do Valentino. Há 35 anos sou cliente do Guilherme Guimarães. Provei a primeira vez que ele fez roupa para mim e nunca mais. Desde então, ele me faz roupas por telefone, por fax.

Istoé - A sra. permanece com as mesmas medidas?

Carmen Mayrink Veiga - Sim. Não engordo nem emagreço, fico entre 60 e 62 quilos. Meu corpo sempre foi proporcional, graças a Deus. Porque detesto essa estética de mulheres famélicas que você vê nas passarelas e teme que quebre. Mulher tem que ter peito, cintura fina, cadeira, bumbum arrebitado.

Istoé - O que acha pior na moda?

Carmen Mayrink Veiga - O "tomara-que-caia" é uma temeridade. Como alguém pode comprar uma roupa cujo nome já avisa que o destino é cair? Ainda mais hoje, em que predominam seios gigantescos de silicone, as mulheres se equilibram no peito. E têm que se equilibrar, também, numa sola de sapato de três ou quatro centímetros e salto de 15 centímetros. É uma tragédia. Vira uma mulher de circo porque tem de ser equilibrista.

Istoé - Moda tem a ver com idade?

Carmen Mayrink Veiga - Não acho. Se você tem physique du rôle pode usar minissaia, por exemplo, em qualquer idade. O parâmetro é o espelho e o bom-senso. A mulher brasileira tem muita facilidade de ficar cadeiruda e engordar, mas adora roupa apertada. Principalmente, adora uma peça chamada legging, outro horror. Quando combinado com os sapatos de hoje, que parecem ortopédicos ou da época das arenas de Roma, em que andavam em bigas, não pode ser mais feio.

Istoé - A sra. também erra?

Carmen Mayrink Veiga - Eu erro muito. E, sabendo disso, procuro todos os dias tentar aprender alguma coisa. Leio muito porque acho que os livros são fontes de saber. Gosto de ler na língua original, não gosto de livro traduzido. Minha primeira língua é o italiano, depois português. Falo também espanhol, francês e inglês. Não sou melhor que ninguém, mas sempre busquei estar informada. E não tem nada que eu goste mais, atualmente, do que ler.

Istoé - O homem pode ser elegante e sexy?

Carmen Mayrink Veiga - Todo homem sexy, não sei se você já reparou, é milionário. Pobre não é sexy. Pode rebolar o máximo que quiser, mas não são sexy. É o maior fingimento dizer que são.

Istoé - A sra. já pagou muitos dólares por vestidos, bolsas. Repetiria hoje?

Carmen Mayrink Veiga - Olha, como hoje eu não poderia comprar alta-costura, quem ler essa entrevista pode falar: "Olha só o que essa macaca está dizendo, não pode mais comprar, então diz que não." Antes de tudo, vale lembrar que a alta-costura praticamente acabou. No Brasil, além do Guilherme Guimarães, o único outro costureiro que gosto é o Lino Villaventura. Pouco tempo atrás, ele fez uma roupa para mim. A única coisa que pedi é que fosse vermelho. Ele me passou por fax três croquis e dez dias depois recebi o vestido mais bonito que vi nos últimos tempos. O Lino é alta-costura brasileira, não copia ninguém, usa rendas e bordados brasileiros. Todas as outras lojas do Rio ou de São Paulo são prêt-à-porter. Alta-costura só existe uma, a que você entra, toma medidas, escolhe o que tem na coleção e encomenda.

Istoé - Mas acontece de mulheres em festas da alta-sociedade estarem vestidas iguais, não é?

Carmen Mayrink Veiga - São todos vestidos originais, tudo bem. A tragédia é pôr um vestido de alta-costura e encontrar cópias, isso é um horror. A pessoa arranca uma página da revista, vai na costureirinha da esquina e manda fazer igual. E não é pobre que faz isso porque pobre não pode ser elegante. É brincadeira dizer que ser elegante é barato. Não é. Mas quem tem dinheiro também pode ser ridículo. O que é isso de toda semana lançarem uma Louis Vuitton ou uma Chanel e todo mundo ir correndo fazer fila na porta para comprar? Acho absolutamente ridículo. Não tem nada mais brega do que entrar em fila para comprar uma bolsa Louis Vuitton ou Chanel.

Istoé - Se a elegância tem a ver com poder aquisitivo, a classe média pode ser elegante?

Carmen Mayrink Veiga - Desde que ela não siga moda, pode. A mulher deve se pôr nua na frente do espelho e ver como é o corpo dela, se é cadeiruda, se é peituda. Hoje até pode resolver muita coisa com plástica, silicone, botox - sou contra tudo isso. Mas ela deve respeitar o seu tipo físico. E não pode seguir moda, seja bilionário, rico, classe média ou pobre. Não pode, por exemplo, usar essas botas ridículas que estão na moda e não combinam com esse calor de Senegal que a gente vive no Brasil. Andar de bota é uma palhaçada.

Istoé - E o homem tem de andar de terno nesse calor?

Carmen Mayrink Veiga - Acho que o homem é obrigado a pôr terno, gravata e camisa linda em todos os jantares chiques em que as mulheres vão bem vestidas. Mas as coisas estão mudando muito. Outro dia, falei de casaca e meu neto que mora há 14 anos em Londres, perguntou: "Vovó, o que é casaca?" Só faltei matar. Neto meu não saber o que é casaca!

Istoé - A presidente Dilma é elegante?

Carmen Mayrink Veiga - No dia em que conheci a Dilma (no ano passado, em um almoço na casa de Lily Marinho para apoiar a então candidata petista) me encantei com ela. Uma senhora ainda moça, com maquiagem muito discreta, sem bossas complicadas, usava um tailleur tipo Chanel, ótima. No dia de sua posse, ela estava muito, muito bem: um tubinho pelo joelho, com casaquinho em espécie de rendona bem brasileira. Estava bem-vestida para andar em qualquer parte do mundo.

Istoé - Se fosse dar um conselho para a presidente, qual seria?

Carmen Mayrink Veiga - Diria para andar o mais que puder de terninho porque é a roupa mais elegante que tem e ninguém erra com ele. Tenho uns 12 do Yves Saint Laurent, me sinto tão bem com essas roupas! Na dúvida, põe um terno e tudo dá certo.

Istoé - O que é adequado para nosso clima tropical e a gente não dá valor?

Carmen Mayrink Veiga - Bolsa de palha. Tem coisa mais bonita para o verão? Quem usa muito bolsa de palha no verão é quem sabe das coisas, quem tem tudo, quem se garante. Não está preocupada com o que Maria ou Maricota vão achar. Quem está por fora pode ter a bolsa mais linda do mundo, caríssima, de palha, mas não usa porque não acha que é chique.

Istoé - Quantas bolsas a Sra. tem?

Carmen Mayrink Veiga - Não sei. Outro dia, mandei umas 50 para uma feiririnha beneficente que uma amiga faz. Não sei quantas tenho ainda. Mas deveria ter poucas, não preciso de muitas, vou fazer cada vez mais isso, reduzir e doar o que não preciso mais.

Istoé - Perder poder aquisitivo é doloroso?

Carmen Mayrink Veiga - Sinceramente, a partir dos anos 1980 o mundo começou a mudar.Sair com muitas joias, usar muita alta-costura, tudo isso começou a cair. Onde vou usar tanta roupa chique hoje? A santa da minha devoção é Terezinha, que ensina a se desapegar dos bens terrenos. Nunca fui apegada a nada. Eu adorava receber, nunca chamei decorador para fazer as flores, tenho as toalhas e porcelanas mais lindas do mundo. Essa é a mudança que mais sinto, não ter saúde para receber mais, não é a questão financeira, porque com o que tenho posso viver 400 anos sem jamais comprar uma coisinha. O que mudou a minha vida foi a minha doença, que ninguém sabe o que é e não tem cura.

Istoé - Não tem diagnóstico?

Carmen Mayrink Veiga - Tenho uma doença neurológica sem definição, já consultei os melhores médicos do mundo, quer dizer, os que valem a pena, nos Estados Unidos, na Inglaterra e Espanha - França e Itália não valem a pena no meu caso - e nunca ninguém descobriu o que eu tenho, mas não tem cura. E só piora.

Istoé - A Sra. resistiu a fazer plástica no nariz?

Carmen Mayrink Veiga - Nunca quis mexer nele nem em nada. Acho ótimo meu nariz. Desde que tenho 16 anos, tudo o que é médico vem perguntar: "Você não quer fazer o nariz?" Todas as minhas amigas fizeram. Quando o (fotógrafo) Mário Testino falou comigo pela primeira vez, ele disse: "Você é um deslumbramento, a primeira mulher que vejo no Brasil que não tem narizinho feito, você tem superpersonalidade." Hoje todos seguem o mesmo padrão. Qual o valor disso? Você vê na Rede Globo as atrizes e não consegue saber o nome porque são todas iguais.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Vídeo: 100 anos de moda em 100 segundos



Se tem uma coisa que muda, e muito, com o tempo, além do cabelo, é o modo como os seres humanos se vestem. Pensando nisso o shopping Westfield Stratford fez esse comercial para anunciar sua estreia onde mostra 100 anos da moda londrina em apenas 100 segundos por meio de um casal de dançarinos.

O resultado é simplesmente sensacional e você pode assistir aqui.

sábado, 14 de janeiro de 2012

O Jeans nosso de cada dia


A história da fantástica aventura do jeans começou em Nimes, na França, onde foi fabricado pela, primeira vez. No entanto, foi a indústria têxtil de Maryland, na Nova Inglaterra, que popularizou, em 1792, o uso desse tecido de algodão sarjado, que chamaram de denim por ser fabricado com as mesmas características do pano que se fazia em Nimes.

Por ser um tecido que não merecia grandes cuidados e era durável, no início ele era destinado a roupas para o trabalho no campo e também para os mineiros de ouro na Califórnia. O jeans só se tornaria mais macio muito tempo depois, quando começou a ser lavado com pedras antes de ser posto à venda.

Esse jeans mais macio era produzido por um alfaiate da Califórnia, que fazia calças para mineiros, e que, mais tarde, se associou à Levi-Strauss. Utilizava-se o tecido, vindo de Maryland, e geralmente na cor marrom, para cobrir carroças. Quando a venda de tecido para essa finalidade caiu, ele passou a ser utilizado na fabricação de calças, em uma modelagem resistente e própria para o trabalho das minas. Depois, ao ser vendido em larga escala, o jeans (já tingido de azul - na verdade um tom verde, que com o tempo e a luz, ainda na tecelagem, vai se transformando no indigo blue) se tornaria o elemento principal de uma verdadeira revolução no modo de vestir.

O tradicional modelo 501, de Levi-Strauss


Pode-se dizer que as atuais calças em jeans têm o mesmo estilo daquelas que fizeram sucesso com os mineiros, depois com todos os trabalhadores americanos, e, mais tarde, com os hippies, que as utilizaram como símbolo de rebeldia contra as roupas convencionais. Assim, o jeans tornou-se um tipo de moda nascida não pela imaginação dos estilistas, vinda de cima para baixo, mas de baixo para cima, acabando por tornar-se um clássico da roupa.

James Dean e seu jeans, nos anos 50


Nomes da alta costura, como Jacques Fath, Pierre Cardin, Givenchy, Pierre Balmain e até o muito esnobe Van Cleef Arpels, acabaram por ligar suas etiquetas à trajetória do jeans como moda. Ele tornou-se um fenômeno bastante singular. Usado em todos os continentes por trabalhadores do campo e da cidade, foi adotado tanto pelos ricos quanto pelos pobres, curiosamente sempre conservando as características originais das primeiras calças feitas por Levi-Strauss. Popularizado no cinema por astros como Marlon Brando e James Dean, o jeans passou a ser o símbolo de toda a geração que ligava rebeldia à liberdade (ou comodidade).

No início, foram os jovens que o usaram com entusiasmo, fugindo das roupas convencionais, na década de 40. Estes, quando adultos, nos anos 50, adotaram o jeans também como estilo casual, usando-o com camisa social, gravata e blazer. O antigo modelo 501 da Levi-Strauss, com rebites e botões de metal, é até hoje o mesmo, inspirando o estilista americano Calvin Klein quando lançou a sua marca. A propaganda de Klein, na época, tornou-se famosa. Ele colocou Brooke Shields, então a ninfeta do momento, num imenso outdoor em plena Times Square, Nova York, declarando: "Entre eu e o jeans não existe mais nada". Pode-se dizer que também há uma grande intimidade entre o jeans e o espírito da própria sociedade contemporânea.

Brooke Shields, na campanha de Calvin Klein, 1988

Verdadeira origem do estilo casual, as roupas de jeans aguçaram a criatividade e determinaram uma maneira de vestir. O casual avançou tanto que os estilistas perceberam a necessidade de introduzir também mudanças na moda clássica, tornando-a mais moderna. Houve também resistência ao jeans, e muitos costureiros decretaram que em pouco tempo os homens também usariam saias. Ou se vestiriam de maneira futurista, como os astronautas. Nada disso aconteceu, mas descobriram-se novos tecidos, proporções e cortes que tornaram as roupas cada vez mais perfeitas. A indústria da moda tornou-se gigantesca e democrática para abrigar várias tendências de estilo. E o jeans foi incorporado a esse espírito.

Geração Beat

Beatnicks


Estar em movimento. Eis o principal objetivo da Geração Beat, grupo de jovens intelectuais americanos que, em meados dos anos 50, cansados da monotonia da vida ordenada e da idolatria à vida suburbana na América do pós-guerra, resolveram, regados a jazz, drogas, sexo livre e pé-na-estrada, fazer sua própria revolução cultural através da literatura.

O termo Beat, usado para classificar a nova geração, é de origem controversa. Jack Kerouac, principal escritor do movimento, queria que o termo fosse uma abreviação de beatitude (mesmo significado em português), enquanto outros, principalmente os críticos e estudiosos, atribuíram tal denominação à influência direta do jazz, principal fonte de gírias e novos termos da contracultura da época. Da soma do radical beat com o sufixo do satélite russo Sputnik , que havia sido mandado ao espaço em 1957, surge a palavra beatnik, usada para designar dali em diante todos os seguidores do movimento. 1957 foi também o ano da publicação de On the Road .

On the Road , de Kerouac , foi o marco milhar deste movimento que, como nenhum outro na história, recebeu imediata e completa cobertura dos meios de comunicação de massa, elevando à celebridade escritores até então obscuros, oriundos dos dormitórios das faculdades de Nova Iorque, São Francisco e Califórnia, jovens que lutavam para publicar seus primeiros trabalhos. Esta amplificação imediata e de costa-a-costa exauriu completamente o conteúdo e a voz do movimento por um processo que se tornaria muito comum nas décadas seguintes do século XX, a saturação da mídia (basta lembrar da declaração de Andy Warhol sobre os 15 minutos de fama), restando nos dias de hoje do grande "boom" de três anos e dezenas de livros, poucas obras de qualidade artística inquestionável. Apesar desta saturação, a mensagem dos beatniks "a revolução na linguagem e nos costumes" só repercutiria decisivamente sobre o comportamento dos jovens americanos uma década mais tarde com o aparecimento das primeiras comunidades hippies no final dos anos 60.

A geração Beat foi composta basicamente por homens, que podiam ou não manter relações sexuais entre si, fato, porém, de secundária importância, uma vez que o principal objetivo desses escritores era estar em conjunto, desfrutar de parceria nas viagens, tanto físicas quanto psicotrópicas. Pode-se dizer que esse prazer de estar entre amigos, essa espécie de prolongamento do sentimento colegial de fazer parte de uma turma, de estar para sempre entre grandes camaradas foi a tônica do discurso literário, o leitmotiv de toda a Geração. Atente para o terrível sentimento de perda desta comunidade nas palavras do poeta Allen Ginsberg na famosa introdução do poema O uivo :

Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa, (...)

Esta idéia de desmantelamento inevitável, primeiro dos indivíduos e depois das relações interpessoais, é muito bem expressa nas palavras do crítico americano Eric Homberger :

"A literatura dos Beats é sobre o laço de amizade entre homens, sobre a afetuosidade entre eles, sobre a tristeza da descoberta de que o amor e a paixão fenecem. Todo o resto - o zelo pela religião oriental, o flerte com o Existencialismo, a fascinação pelos sonhos, o radicalismo político, a paixão pelas drogas, a liberdade sexual - era meramente decoração de uma complexa rede de relacionamentos pessoais".

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Filme: "Grease, nos tempos da brilhantina"

Pôster do filme "Grease, nos tempos da brilhantina" - 1978


Grease, nos tempos da brilhantina é um musical que retrata a juventude dos anos 50, buscando contextualizar a cultura jovem que emergia neste periodo.

" Califórnia, década de 50. Danny (John Travolta) e Sandy (Olivia Newton-John), um casal de estudantes, trocam juras de amor mas se separam, pois ela voltará para a Austrália. Entretanto, os planos mudam e Sandy por acaso se matricula na escola de Danny. Para fazer gênero ele infantilmente lhe dá uma esnobada, mas os dois continuam apaixonados, apesar do relacionamento ter ficado em crise. Esta trama serve como pano de fundo para retratar o comportamento dos jovens da época. "

Os estilos iam do mais ousado ao mais recatado. No mais ousado, maquiagem meio carregada, batom e rímel fortes, para ressaltar. Roupas mais agarradas e cabelo cheio, para chamar mais atenção. As mulheres deste estilo costumavam fumar e adoravam sapato alto plataforma.

No mais recatado, tiaras, cabelo com um pouco de laquê, vestido pouco folgado, mas não curto. Aqueles com faixa na cintura eram bem usados, assim como as cores claras, de tom pastel. A maquiagem, podia ser um rimel forte, mas com baton discreto, no máximo um rosa pink. Como complemento, bolsinha de mão.

Para os homens, o clássico visual composto de jaqueta de couro preta, camiseta branca por dentro e jeans com botas engrachadas, sem dispensar a emblemática motocicleta. Os cabelosfaziam um visual topetudo, á base da famosa brilhantina


Looks dos anos 50

Há um problema muito grande, em relação a essa época, pois no Brasil a moda demorava muito a ser difundida. As revistas de moda demoravam para chegar aqui. Às vezes dependia-se de algumas socialites, que iam a europa para trazer as novidades. Haviam também as famosas casas de moda como "Canadá" e "Vogue" que compravam originais, copiavam e vendiam suas copias (claro que com autorização das Maisons). Os anos 50 acabaram acontecendo no Brasil, nos anos 60. os vestidos de bolas e rodados são dos anos 50 pela grande influencia de Christian Dior. já o filme grease era final dos anos 50 e inicio dos anos 60.

Christian Dior e a reinvenção da silhueta feminina

Christian Dior, em seu primeiro ateliê

Um homem tímido e aparentemente comum, Christian Dior (1905-1957) transformou a maneira de se vestir após a Segunda Guerra Mundial e criou o estilo dos anos 50. Quando todos previam simplicidade e o conforto, ele propôs o luxo e a feminilidade extrema, copiados por mulheres do mundo inteiro.

"Nós saímos de uma época de guerra, de uniformes, de mulheres-soldados, de ombros quadrados e estruturas de boxeador. Eu desenho femmes-fleurs, de ombros doces, bustos suaves, cinturas marcadas e saias que explodem em volumes e camadas. Quero construir meus vestidos, moldá-los sobre as curvas do corpo. A própria mulher definirá o contorno e o estilo."

Christian Dior Sua primeira coleção foi apresentada no dia 12 de fevereiro de 1947 e causou um verdadeiro estardalhaço entre a imprensa. Aquele homem tímido e educado havia criado o eterno "New Look". Surgia aí um mito, Christian Dior, que viria se tornar sinônimo de sofisticação e elegância no luxuoso mundo da alta-costura.

Quando Carmel Snow, redatora da revista americana "Harper's Bazaar", viu os modelos apresentados por Dior, exclamou: "This is a new look!" Desde então, o nome original da coleção, que era "Ligne Corolle" (Linha Corola), se tornou conhecida como "New Look". Em sua primeira coleção, Dior conseguiu mudar todo o conceito de praticidade e simplicidade das roupas femininas, até então uma necessidade dos tempos de guerra e uma tendência da moda criada por Chanel. Após tantos anos de restrições, a mulher necessitava se sentir novamente feminina e ansiava pela elegância e o luxo perdidos. Dior acertou e criou modelos extremamente femininos, luxuosos, sofisticados e elegantes, inspirados na moda da segunda metade do século 19. Os vestidos e saias eram mais longos, o busto mais acentuado, a cintura bem marcada e as saias amplas. Apesar das críticas, com relação a grande quantidade de tecido usado por ele para a confecção de vestidos e saias, ainda num momento díficil para a indústria têxtil, nunca um estilo de roupa chegou tão rápido às ruas. Mulheres de todas as partes do mundo copiaram seus modelos.

O "tailleur Bar", símbolo da primeira coleção assinada por Christian Dior

O modelo que se tornou o símbolo do "New Look" foi o tailleur Bar, um casaquinho de seda bege acinturado, ombros naturais e ampla saia preta plissada quase na altura dos tornozelos. Luvas, sapatos de saltos altos e chapéu completavam o figurino impecável. Com essa imagem de glamour, estava definido o padrão nos anos 50.

Em sua coleção de 1951, o estilo princesa ficou consolidado como sua marca, mas a novidade foi o uso do terno masculino em roupas femininas. Dior apresentou um tailleur em lã cinza, que expressava todo o conceito de masculinidade, transportado às roupas femininas. Criou a linha H, em 1954, que era a base de toda a coleção, com modelos que erguiam o busto ao máximo e baixavam a cintura até os quadris, criando a barra central da letra H. Também criou modelos luxuosos, com muita seda e tule bordado com incrustações drapeadas, como no vestido de baile "Chambord", que para ele significava o luxo ao redor da cintura, além dos vestidos de tecidos diáfanos, com várias saias sobrepostas e comprimentos variados. A linha Y surgiu em 1955 e mostrava um corpo esguio com a parte superior mais pesada, com golas grandes que se abriam em forma de V e a "Linha A" trouxe vestidos e saias que se abriam a partir do busto ou da cintura para formar os dois lados de um A. Fortes referências da marca CD até hoje, e que ficaram famosas durante os anos 50, são as estolas, as mangas três quartos, além do conjunto em tons pastéis de cardigã, blusa e saia de crepe.

Linha H, Dior – 1954