"Revelar
tanto de seu temperamento confuso nesses
formatos de música consagrados foi um desafio extraordinário. Por sorte, Amy
Winehouse tem a produção, a voz e a força de caráter para levar isso tudo a
cabo".
Esta
citação, do crítico Chris Elwell-Sutton sintetiza bem o que significou a
influência da cantora Amy Winehouse para o mundo contemporâneo.
Seus
méritos artísticos são inquestionáveis e unanimidade no mundo inteiro, não só
pela sua extraordinária potência vocal, mas também pela sua atitude irreverente
e polêmica. Amy conseguiu a façanha de revisitar estilos musicais clássicos,
como o Soul e o Jazz, dando-lhes uma nova roupagem, através das canções que
falavam de suas frustrações amorosas.
Na
década de 1960, Audrey Hepburn, no icônico filme “Bonequinha de Luxo”, em que interpretava uma prostituta, causou
polêmica e foi eleita a última diva de
seu tempo. Esse adjetivo foi muito
recorrente no século XX, para eleger as
mulheres que encantavam as massas, tanto pelo seu talento como por sua
sensualidade. Audrey pode ter escandalizado a sociedade porque trazia à tona um
tema delicado, mas soube, com seu charme, elegância e atitude, ainda em uma
sociedade que caminhava para o liberalismo feminino, quebrar esse tabu,
alcançando a simpatia de todos.
Neste
sentido é interessante uma comparação entre Audrey e Amy. A segunda, inserida
em um contexto contemporâneo, e em uma sociedade deliberada, e que já parecia
ter visto de tudo. Mas Amy emplacou em um momento onde o mix de referências e
releituras era moda, ou melhor dizendo, um "supermercado de estilos",
expressão cunhada na década de 90 pelo antropólogo Ted Polhemus.
Amy
é considerada por muitos como uma "diva urbana", pois encarna
perfeitamente os padrões que definem o sujeito pós moderno. A a apropriação e a
nostalgia foram perceptíveis em sua imagem, que
ficou caracterizada por um
penteado inspirado pela moda dos anos 1960 e sua maquiagem, que lembrava, ao
mesmo tempo, o visual de cantores de rock e de uma mulher sedutora, com olhos
negros, marcados e repuxados no canto, o que também remete a uma atitude de
pastiche ou paródia. Ela parecia, muitas
vezes representar ou, devido à sua
personalidade instável, ter múltiplas facetas, momentos em que conseguiu chamar
a atenção da imprensa para sua luta, em superar o vicio do álcool e das drogas.
Incompreendida, foi julgada sempre por uma conduta "fake" ou de
simulacro, fosse pelas insinuações de Plágio, em algumas de suas músicas, ou
pelo seu estilo de vida desenfreado,
abundantemente irresponsável e “junkie”, que determinariam seu trágico fim.
"Eu
trapaceei comigo mesma, como eu sabia que faria. Eu te disse sou encrenca, você sabe que não sou
boa coisa."
Amy
Winehouse, em trecho da música "You
know I".