"O criador é aquele que faz avançar a história da moda" - Didier Grumbach

domingo, 29 de julho de 2012

MADELEINE VIONNET 1876-1975


Madeleine Vionnet e sua técnica de moulage


Madeleine Vionnet nasceu em Aubervilles, na França, e ainda adolescente começou seu aprendizado como costureira. Foi para Paris, passou algum tempo em Londres e, em 1901, aos 25 anos, estava de volta à França. Seis anos mais tarde, estava trabalhando na Maison de Jacques Doucet, muito conceituada no final do século 19 e no começo do século 20.

Em 1912, afinal, Madeleine Vionnet inaugurava sua própria casa. Fechou-a durante a 1ª Guerra Mundial, e quando a reabriu começou a ganhar a preferência de muitas atrizes da época. Com um estilo inovador, costumava criar seus modelos diretamente em um manequim em miniatura.


Look de Madeleine Vionnet


Duas de suas principais características eram o drapeado e o corte enviesado, para os quais encomendava tecidos com o dobro de largura do que o habitual - seus tecidos prediletos eram o crepe, a gabardine e o cetim, que ela manejava com maestria, a ponto de ser considerada a estilista que mais contribuições técnicas deu à alta costura.

As aberturas de suas roupas eram sempre surpreendentes, laterais, ou na parte de trás, mas também criou peças sem qualquer fenda, e que precisavam ser vestidas com cuidado, pela cabeça. Seus períodos de maior sucesso foram o final dos anos 20 e o começo da década de 30. Madeleine Vionnet aposentou-se em 1939.

Baas Relief, 1931 - Madeleine Vionnet

sábado, 21 de julho de 2012

A Relação MODA E ARTE


Quadro "Composição com Vermelho, Amarelo e Azul", de Piet Mondrian -
1921 e Vestido Mondrian, de Yves Saint Laurent - 1965


Os grandes costureiros e estilistas sempre dialogaram com os artistas de seu tempo, mas foi o francês Paul Poiret, o primeiro a promover essas trocas de modo sistemático, ainda nas primeiras décadas do século XX.

Ele utilizou em suas criações estampas exclusivas de pintores como Raoul Dufy e ilustrações de artistas como Paul Iribe e Georges Lepape.

Um outro nome fundamental da moda no século XX – Coco Chanel – trabalhou com Picasso, com os balés russos de Diaghilev, com Jean cocteau e tantos outros artistas...

Essa postura, que se firma ao longo do século XX, traduz uma visão da moda como arte e do grande costureiro (ou do criador de moda) como um verdadeiro artista de vanguarda.

A relação Arte/Moda pode ser assim sistematizada:

1- A arte como fonte de criação para a moda;
2- A moda como fonte de criação para a arte;
3- Wearable Art, ou arte usável.

1- A Arte é fonte de criação para a moda.

 Um momento emblemático da influência das artes plásticas sobre a moda ocorreu em 1965, quando Yves Saint-Laurent lançou a coleção Mondrian. Para além de uma simples estampa, o geometrismo de Mondrian transformava-se em vestido.

2- A Moda é fonte de criação para a arte.

 Artistas como Andy Wharol, Joseph Beuys ou Louise Bourgeois servem-se de elementos do universo vestimentário ou da roupa como suporte na criação de obras de arte.

3- Wearable Art ou arte usável

 O artista concebe peças de roupa, acessórios, estampas, etc , como peças exclusivas, mas seu compromisso é com a criação artística, não com a moda.
  
Exposições, galerias, instalações por toda a parte exploraram os três aspectos antes levantados. Ao mesmo tempo, fica uma pergunta: será que a utilização da arte na moda...virou uma moda?

Afinal, tornou-se uma espécie de praxe, ultimamente, que o estilista anuncie sua coleção como uma espécie de sopa de referências culturais, um vale-tudo em que é lícito misturar cores de Van Gogh com arquitetura japonesa, ou fazer uma releitura de Mondrian via Saint-Laurent

Como lhe é próprio a Moda não poupa nada, pilhando sistematicamente todos os universos, que se transformam, assim, em mera referência, desprovida de uma verdadeira tentativa de estabelecer uma “relação”.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A Costura do Invisível


"Uma coleção de papel, um simples rasgo, um conto de fadas playmobil, que se tornou um ícone da moda"

Em 2004, durante a São Paulo Fashion Week, o estilista Jum Nakao apresentou o último desfile de sua carreira. A apresentação foi mais que um desfile, foi a construção de um paradigma, e a prova disso foi o desenvolvimento do livro e do documentário,que continuam reverberando o desfile e o trabalho de Jum Nakao como um todo.

"O que você faria se você não tivesse que se preocupar com nada? É preciso iniciar, renovar... É necessário fugir das coisas obvias. Sem o espectador a obra não existe"

(Jum Nakao)


O desfile é de uma leveza peculiar, e transmite exatamente o que Nakao fala: "O efêmero também pode permanecer".

Decidindo por uma coleção feita de papel, o objetivo mais importante da exposição foi o detalhamento nas roupas que as faria delicadas, causaria como diz o estilista um "deslumbramento" nas pessoas que as vissem.

Baseadas no final do século XIX as roupas são intensas na elaboração da forma, do trabalho e do processamento. Os papéis foram todos cortados à laser, utilizando sempre o papel vegetal para um efeito do "quase invisível". O propósito era tornar as roupas o mais impecáveis possível para que só fosse percebido de que material eram feitas na hora em que fossem retiradas.


As perucas Playmobil foram escolhidas para ser a peça constante do desfile. Um boneco Playmobil pode ser qualquer personagem e terá o mesmo cabelo. O objetivo era que as pessoas se identificassem com um elemento familiar e que pudessem se projetar na coleção, nas roupas, e se prender à um conceito ao invés de uma identidade de uma modelo em singular.

Houve uma decisão de organizar o show seguindo o mesmo padrão dos desfiles convencionais no andar da passarela, para dar a impressão de ser apenas mais um desfile feito de papel, porém no instante em que as modelos surgem para os agradecimentos há a quebra das regras convencionais de um desfile com uma alteração das luzes e da trilha e a destruição das roupas pelas próprias modelos, tudo para um impacto maior na audiência


"Redescobrir a importância de nos surpreendermos com o mundo, estarmos atentos e sensíveis a pequenas coisas, encontrar um novo sentido como turista nas coisas banais, da importância de um instante de leveza"

(Jum Nakao)





quinta-feira, 12 de julho de 2012

Eu Etiqueta - por Carlos Drummond de Andrade



Eu Etiqueta


Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.

 Carlos Drummond de Andrade

sábado, 7 de julho de 2012

"O que os homens nunca deveriam usar - ou ter usado" por Arnaldo Jabor


O que os homens nunca deveriam usar - ou ter usado:

Na coluna passada, brinquei com o meu ponto de vista, sobre o que as mulheres não deveriam usar - pois era sofrível. Foram dezenas de e-mails concordando, mas pedindo para o colunista fazer a mesmíssima coluna, porém sobre os equívocos masculinos. Já tinha isso em mente e aí vai a minha lista para meus queridos leitores. Acho abominável que um homem envergonhe (no sentido estético) a classe masculina usando:

1) O trio mais famoso do que o do McDonalds: pochete, bermuda jeans e sandália papete. Se vier acompanhado do celular (na capinha) na cintura então. É caso para fingir que não conhece.

2) Blazer com gola rolê por dentro. É o figurino preferido de 10 em cada 10 novos cabeleireiros recém bem-sucedidos na cidade. Esse tipo acha esse conjunto o uniforme da 'elegância'. Geralmente abrem salão na cidade com os nomes de Roberto's Coiffeur, Cabral's, Antonio's e por aí vai.

3) Sapato social de 'franjinha' (aquele detalhe de penduricalho em cima). Se for curto a ponto de aparecer a meia branca por baixo, a coisa beira a piedade. Esse tipo fica ótimo num dublador de Michael Jackson cantando 'Billie Jean' no Largo da Carioca.

4) Calça de cintura alta e preguinhas...... Cuidado com os testículos! Eles não têm culpa se você se veste mal. Gerentes de churrascaria rodízio costumam adotar esse visual acompanhado de uma vistosa camisa vermelha de seda javanesa. Correntão de ouro e pulseira de ouro é melhor esquecer. Deixe para os bicheiros.

5) Perfume KOUROS (Yves Saint Laurent) ou NATURA. Num acampamento pode ser usado como repelente (pena dos seus companheiros de viagem). Um cara que usa esse perfume se torna inesquecível. O trauma nas pessoas ao redor é irreversível.

6) Essa vai doer em muito 'Maurício' mas é a minha opinião: Casaquinho de lã jogado nas costas e amarrado na frente. Esse visual geralmente vem acompanhado de um cabelo arrumado pela mamãe a ' La Roberto Justus '. Tem solução, mas tem que ser mudado ainda na infância ou no máximo adolescência. Depois fica difícil.

7) Unha suja (e sem cortar). Se você não for  mecânico  pode ter certeza que brochará sua namorada ou pretendente. Caso seja bonito, atlético e gostosão,, ela será somente um pouco mais tolerante, entretanto, irá pedir para limpá-las assim que acabar a noite de fetiche com um desleixado. Não esqueça também de aparar aqueles pelinhos horríveis que por ventura saiam do nariz ou da orelha - em nome da higiene, please!!!!

8) Base incolor na unha. Triste amigo. Só limpar e cortar já é suficiente. Cuidado se tem esse hábito, pois daqui a pouco estará pedindo 'francesinha' no salão.

9) Fazer sobrancelha. Se for tirar um fio maior, ok. Agora, se for limpar e afinar nas extremidades, é melhor tomar cuidado. Daí para usar rímel e delineador é um pulo. Não estranhe se vier uma vontade incontrolável de chamar um amigo de infância para assistir 'Brokeback Mountain' comendo pipoca light.

10) Cueca furada ou muito vistosa (vermelha, pink, salmão, cetim verde bandeira). Amigo, por favor, treine tirar a calça puxando a cueca junto. Nenhuma mulher no mundo agüenta esse choque visual. Se ela vir a sua cueca é provável que você fique na mão (literalmente) Esqueça também a sunga branca na praia. Nem precisa explicar.


terça-feira, 3 de julho de 2012

O que não usar - por Arnaldo Jabor

Algumas coisas que as mulheres devem saber que são tristes de usar.

Com isso, e pela importância que dou ao sexo feminino, decidi fazer uma  pequena listinha de coisas que simplesmente algumas mulheres deveriam  repensar antes de usar (caso uma mera opinião masculina importe).

É triste mulher:

1) Usar esmalte com uma florzinha (ou estrelinha) em uma das unhas  combinado com a outra mão (no pé já é caso de internação).

2) Salto de acrílico (a não ser que vá fazer um filme pornô ou agradar o  namorado fetichista). Sapato branco também é de lascar.(a menos que você  seja enfermeira...) Bota Frankstein, aquela do plataformão preto. Nem Mortícia Adams teve coragem de usar... E, sandália com plataforma de  madeira entalhada. Essa dispensa qualquer comentário

3) Lente de contato colorida. Essa é uma das tenebrosas campeãs. Além de dar uma enorme vontade de lacrimejar de aflição (para quem está de frente com o ser), parece que estamos diante de uma personagem do próximo filme do X-Men. Aproveitando a fase mutante retire o óculos de sol da cabeça!Ele deve ser usado nos olhos e guardado após o uso! Dr. Xavier adora mutantes que usam a cabeça como aparador! Cuidado!

4) Meia-calça cor da pele, tipo Kendall para o inverno (a não ser que tenha mais de setenta anos ou use debaixo da calça em caso de frio extremo). Em hipótese nenhuma deve ser usada com saia e sandália aberta.

5) Calça justa demais, que aperte as partes íntimas (fica parecendo uma pata de camelo). Calça de cintura baixa com aquelas gordurinhas sobrando para os lados e...cofrinho aparecendo...Não obrigue os outros a ter que ver isso!

6) Descolorir os (muitos) pelos da barriga, o famoso 'caminho da felicidade'. Melhor depilar, caso contrário é melhor procurar um namorado que tenha colocado blondor no bigodinho. Farão um lindo par.

7) Unha do pé grande, maior do que onde termina o dedo, além de ficar muito feio pode ser um perigo fazendo 'carinho' com o pé, no marido ou namorado. Se estiver solteira, vá à praia de meia.

8) Calça jeans com muitas aplicações (rosas coloridas, tachas, strass, etc.). Tudo em exagero polui o visual e esse tipo de calça tem muita informação. Usada junto com o item 2 é uma das piores composições. Se pretende sacanear algum namorado (ou ex), chame-o para jantar ou dançar, e vá assim.

9) Perfume Paris, do Yves Saint Laurent ou um tal de Angels.... não tem desculpa. As pessoas ao redor não merecem isso e nem todo mundo carrega Neosaldina na bolsa. Usar no verão então, é sadismo.

10) Calça legging com tamanco de madeira. Se você não estiver numa refilmagem de 'Grease nos tempos da brilhantina', use outra maneira de chamar a atenção. Há outras (e muito melhores) maneiras de um cara te achar gostosa.