"O criador é aquele que faz avançar a história da moda" - Didier Grumbach

sábado, 30 de junho de 2012

Óculos, para quê te quero?


A história dos óculos começa por volta de 500 a.C. com algumas referências em textos do filósofo chinês Confúcio. No entanto, como suas lentes não tinham graus, durante  séculos eles foram usados apenas como adorno, ou como forma de discriminação social, principalmente para os doentes mentais.

As primeiras lentes corretivas surgiram no século I d.C. e pedras semi-preciosas como o berilo e o cristal de rocha cortadas em camadas finas foram as primeiras lentes de aumento para perto. Mais tarde, passaram a ser usadas sobre os olhos e se transformaram na primeira forma de lentes corretivas.


Reprodução do primeiro par de óculos encontrado na Alemanha no século 13



O primeiro par de lentes, com aros grandes de ferro unidos por rebites, foi descoberto na Alemanha em 1270. Parecido com um compasso, permitia que fosse ajustado.

Ainda no mesmo século, um modelo semelhante foi criado em Florença e fez bastante sucesso. Por isso, os italianos ganharam fama como os inventores dos óculos. Porém, foram necessários mais dois ou três séculos de pesquisas para que se conseguisse um modelo seguro e confortável.

No século 15, os modelos Pince-nez e Lornhons eram os mais usados. O primeiro não tinha hastes e era ajustado apenas no nariz. Já os Lornhons vinham com uma haste lateral para ser colocado em frente aos olhos.



Pince-nez do século 16


As hastes fixas apoiadas sobre as orelhas só surgiram no século 17, mas mesmo assim os modelos sem hastes continuaram a ser usados até o início do século 20, quando então foram sendo substituídos pelos modelos Numont, com aros superiores ou inferiores finos e leves. Sua versão mais moderna é sucesso até hoje.


Modelo do século 19, banhado a ouro


O uso do plástico e seus derivados na fabricação de armações e o avanço da tecnologia para a produção de lentes melhores e mais finas, ampliaram muito as possibilidades do design de óculos em geral. Atualmente é possível encontrar uma enorme variedade de modelos em muitos materiais, tamanhos e cores. Alguns tipos curiosos como um óculos-leque de tartaruga mostram como se disfarçava a necessidade dos óculos em festas e reuniões nos séculos 18 e 19.

Óculos leque de tartaruga


A partir dos anos 30, todo o conceito na fabricação dos óculos mudou. Eles passaram a ser mais leves e elegantes. Nos 60 e 70, uma revolução aconteceu com o surgimento dos plásticos e também por influência da moda pop e irreverente da época.

Modelo original de André Courréges anos 60


Os clássicos Ray-Ban que faziam parte dos acessórios militares desde antes da Segunda Guerra e que mais tarde foram adotados por estrelas do rock, como Lou Reed e Bob Dylan, são muito usados ainda hoje.  Os modelos "gatinho" começaram a ser usados no final dos anos 40 e viraram moda nos 50.

Modelo pop dos sixties que foi capa de várias revistas da época




Modelos decorados com strass dos anos 70





Modelos Ray-Ban






Modelo gatinho



Estilo, sofisticação e glamour são fatores que podem ser encontrados nos  óculos contemporâneos. Alguns modelos retomam  clássicos da década de 60, investindo em modelagens mais arrojadas e alinhamento moderno.  Modelos maiores, com armações coloridas e bem descontraídas, cobrem boa parte do rosto e proporcionam um ar de glamour a face. As armações tradicionais nas cores marrom, preto, branco e cinza estão sendo decoradas com pedraria, um efeito estético que faz a diferença no quesito moda óculos escuros. Ponto também  para as opções que são extremamente práticas, como os novos modelos flexíveis e com lentes à prova de danos.



O modelo Butterfly - queridinho das celebridades


A revolução tecnológica e os  modelos dobráveis


Febre! O revival do modelo Ray-Ban









quarta-feira, 27 de junho de 2012


Entrevista com Glória Kalil




por RITA OLIVEIRA

* Entrevista com a consultora de moda e estilo  Gloria Kalil

1- A moda já lhe rendeu dois best-sellers. Por que você resolveu falar de etiqueta?

Gloria Kalil - A preocupação com a aparência tomou uma proporção exagerada. Agora estou dizendo aos leitores: "Chega de imagem, cuidem da sua segurança interna". Além disso, percebi que atrás de cada pergunta de moda há sempre uma questão maior: "Que ritual é esse para o qual eu não sei como me vestir?" Muito da insegurança vem da falta de informação e de convívio social. Hoje, a família nem se reúne mais em volta da mesa de jantar. Todo mundo corre demais, cada um tem um horário, esquenta o prato no microondas, come em frente da TV...


2- As crianças não têm com quem aprender?

Gloria - Não, porque era durante as refeições que os pais ensinavam o básico do comportamento e da ética. Naqueles momentos, diziam: "Senta direito, olha o cotovelo na mesa". Ou então: "Seu amigo dedurou um colega para o professor? Isso não se faz, é muito feio". O mundo mudou, a transmissão informal de conhecimento diminuiu e hoje reina a falsa impressão de que não existe regra alguma. Bobagem. Os códigos precisam ser revistos, o que não significa que é possível prescindir   deles.

3- A ideia de obedecer regulamentos assusta. Qual o motivo de tanta resistência?

Gloria - Isso acontece porque somos filhos e netos dos anos 60, a década que rompeu com valores machistas, preconceituosos. Porém, o fato de termos lutado contra o autoritarismo e a hipocrisia não quer dizer que agora vale tudo! Sem educação não há civilização. O problema é que as famílias modernas sentem-se desconfortáveis, pensando que educação é repressão... e é mesmo. O papel dos filhos é reclamar e achar os pais uns chatos. E o papel dos pais é serem chatos, ora! Cabe a eles repetir mil vezes, até que a criança aprenda, que não pode comer de boca aberta nem falar alto nem devorar toda a batata frita. Tem que dividir com os outros. Senão, quem chega na frente come a melhor parte - esse é o princípio da barbárie. Eu não tive filhos, mas certamente seria uma mãe insuportável... (Risos)

4- Qual é a principal regra da etiqueta moderna?

Gloria - Prestar atenção no outro. Quem só olha para o próprio umbigo não está apto a conviver. E atualmente isso é muito comum, o narcisismo virou um problema social.

5- Acaba interferindo também nos relacionamentos amorosos...

Gloria - O drama é que uma tribo não faz concessão a outra e aí os relacionamentos ficam difíceis. Está cheio de mulher que olha o cara e, se não gosta do sapato dele, não se dispõe a conhecê-lo... Para escrever o capítulo sobre casais, encomendei uma enquete à equipe do meu site. No resultado, ficou evidente um problema de código: mulher adora moda e homem tem horror ao estilo fashion. Isso gera curto-circuito na comunicação. Teve um cara que reclamou. Deu um vestido de presente para a namorada e ela estreou a peça com botinas e uma jaqueta de jeans rasgada. Ele considerou um ultraje.

6- O que aconselha para evitar desencontros desse tipo?

Gloria - Que a mulher não fique presa ao seu mundo. Se quer agradar a um homem, no mínimo precisa fazer um pouco de esforço para entender o universo dele e se comunicar.

7- Podemos tomar a iniciativa da conquista?

Gloria - Não! Muitas mulheres ficam chocadas quando digo isso, acham que é coisa do século passado. Mas eu insisto: está interessada nele? Então não o procure. Esse não é o momento de mostrar o quanto você é independente, e sim de observar o funcionamento dos códigos de sedução. O fato é que o homem continua gostando de conquistar e a mulher de ser conquistada. Se ela correr atrás dele, ele correrá dela.

8- Duas saias justas: o fim do namoro e o reencontro com o ex. Como lidar com elas?

Gloria - Qual é a melhor hora para quebrar a perna ou levar um fora? Isso é da vida, não há livro que resolva. Se for abandonada, não vá perseguir o sujeito nem encha a paciência dos outros contando mil vezes a sua história - melhor amargar sozinha. Separação é como gripe: tem um ciclo, dói, depois passa. Caso dê de cara com o ex e a nova namorada no restaurante, nada de fazer cena.

9- Hoje é comum uma mulher perguntar a outra se aplicou Botox, fez plástica... É de bom-tom?

Gloria - É péssimo! A plástica, sobretudo, devia ser abordada com o mesmo pudor dos assuntos ginecológicos. É íntimo demais, ninguém tem de ficar bisbilhotando. Claro que amigas trocam segredos e podem até ir juntas aplicar Botox... Mas como você se sentiria se uma conhecida qualquer perguntasse o preço do seu sapato, por que você engordou ou se fez preenchimento de rugas? Em geral, pessoas invasivas adoram falar dos seus tratamentos, mostrar o silicone. Aí, é o problema contrário, você fica naquela situação horrível: "Não, querida, eu não quero ver o seu peito..."

10- Num almoço, tudo bem se você atender o celular?

Gloria - Se estiver aguardando uma ligação urgente, melhor se desculpar com seu acompanhante, ser breve na conversa e desligar o aparelho assim que resolver a pendência. Outro dia, vi duas moças num restaurante - uma almoçou enquanto a outra ficou no celular o tempo todo. É o fim da picada, eu teria me levantado da mesa.

11- Como os fumantes devem se comportar para não perturbar nem ser perturbados pelos outros?

Gloria - A não ser que você more em Paris - onde todo mundo fuma em qualquer lugar e ninguém dá a mínima -, tem que pedir licença e perguntar se incomoda. E agir de acordo com a resposta, claro. Por outro lado, quando é você a anfitriã fóbica e recebe um amigo fumante, é possível, delicadamente, sugerir que ele acenda o cigarro na varanda. Mas, se for um convidado de muita cerimônia, desista. Abra as janelas e pronto.

12- Existem normas que ajudem a mulher a ficar segura em situações variadas?

Gloria - Sim, e também proibições (veja o quadro). Mas etiqueta não é um exercício de memória, não se trata de decorar regras, e sim de entender o espírito da coisa. A ideia é facilitar a vida e as relações, nada a ver com complicar ou esnobar.

13- Eventos especiais sempre trazem dúvidas. Qual o segredo para fazer bonito na festa?

Gloria - O fundamental é identificar o tipo de rito, o que é valorizado naquela situação. Suponha que o convite peça traje social completo e você decida ir de jeans. Se está convencida disso, tudo bem. Porém, se vestiu a roupa errada porque não entendeu o convite ou não prestou muita atenção nele, vai se sentir a última das criaturas e acabar perdendo a noite. A segurança aumenta à medida que você vai dominando as normas. Até para desobedecê-las, se preferir.

14- O que uma mulher precisa saber para receber bem?

Gloria - Que o bem-estar dos convidados é mais importante do que ter o copo certo. Também é bom lembrar que não se convida desafetos nem um casal recém-separado para uma recepção íntima (em festa grande pode, mas sempre é melhor avisá-los antes). A partir daí, existem mil possibilidades. É besteira se estressar porque quer fazer um fondue para um pequeno grupo de amigos e não tem o aparelho. Peça emprestado a uma amiga ou alugue. Aliás, outro amigo pode trazer aquele queijo ótimo, você serve as bebidas, a conversa engata e dá tudo certo. Não se esqueça de colocar flores na casa e vestir uma roupa bonita: é carinhoso demonstrar que se preparou para receber as pessoas. A situação muda em um jantar para 20 convidados. Nesse caso, é melhor contratar uma copeira ou um bufê com serviço completo do que ficar correndo de lá pra cá, mostrando que está tendo o maior trabalho. Aí você nem aproveita a festa nem atende seus convidados direito.

15- O problema é querer dar o passo maior que a perna?

Gloria - Não funciona alguém tentar aparentar o que não é - isso é pura exterioridade, enquanto a segurança é uma condição interna. Mas que ninguém se engane: a segurança depende de a gente se sentir aceita pelos nossos pares, as pessoas que valorizamos, sejam elas super tradicionais e cheias de cerimônia ou artistas informais. Você pode ser indiferente à opinião de um determinado grupo porque a sua turma é outra. Mas, se você se sente a tal em detrimento de todo mundo, não é segura coisa nenhuma, é louca. Nós precisamos da aprovação do outro e vice-versa, daí a necessidade de prestar atenção no ambiente, nas pessoas, roupas, conversas. Tudo ajuda você a entender melhor a situação e a ficar mais à vontade.

Ela diz que não pode! No Trabalho - Transformar sua mesa em um altar pessoal (fotos de família, latinhas coloridas, bichinhos). - Cara feia. - Abusar do uso de roupas em tons pastel: infantilizam e dão ar de fragilidade.

No Restaurante - Tentar furar a fila de espera. - Tirar os sapatos debaixo da mesa. - Utilizar as seguintes palavras e expressões que começam com d: dieta, doença, depressão, dureza, diretrizes políticas, doutrinas religiosas.

No Casamento Se você for madrinha ou convidada: - Usar preto no altar. - Competir com a noiva (vestido de cauda, decote até o umbigo etc.). Se Você for Noiva: - Fazer do seu noivo uma peça de decoração (o terno combinando com seu buquê, por exemplo).

No Relacionamento - Falar mal do ex. - Comentar numa roda idiossincrasias (roncos, hábito de ler no banheiro...). - Desmentir o parceiro em público. - Fazer voz de criança.

Fonte: Revista Cláudia

quinta-feira, 12 de abril de 2012

SER CHIQUE SEMPRE - GLÓRIA KALIL

Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como nos dias de hoje.

A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas.

Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas. Muito mais que um belo carro Italiano.

O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida.

Chique mesmo é ser discreto.

Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras.

Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.

Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuaçõe inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta.

É evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.

Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador.

É lembrar-se do aniversário dos amigos.

Chique mesmo é não se exceder jamais!

Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir.

Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor.

É "desligar o radar", "o telefone", quando estiver sentado à mesa do restaurante, prestar verdadeira atenção a sua companhia.

Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios.

Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite!

Chique do chique é não se iludir com "trocentas" plásticas do físico... quando se pretende corrigir o caráter: não há plástica que salve grosseria, incompetência, mentira, fraude, agressão, intolerância, ateísmo...falsidade.

Mas, para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de o quão breve é a vida e de que, ao final e ao cabo, vamos todos terminar da mesma maneira, mortos sem levar nada material deste mundo.

Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não lhe faça bem, que não seja correta.

Lembre-se: o diabo parece chique, mas o inferno não tem qualquer glamour!

Porque, no final das contas, chique mesmo é Crer em Deus!

Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... mas, o Amor e a Fé nos tornam humanos!


GLÓRIA KALLIL

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Anos 60 – Retrospectiva

Sixties


Nos anos 60 a mídia reina sobre a produção em massa dos produtos lançados e determina o gosto de roupas de duração, cada vez mais efêmeras.

Juliette Greco – era a imagem do existecialismo, grande intérprete da canção francesa, símbolo dessa geração.

A sociedade permissiva acena com a pílula anticoncepcional, dando um golpe no enraizadomoralismo vitoriano.

Concluída a Guerra da Coréia, se descortina a era fatal para Kennedy. Jacqueline eleva a Casa Branca a um primeiro plano na cena mundial e impõe um novo estilo: o seu.

Em 1960 o principal ponto de venda era a boutique.

Em 1961, um jovem bando “rival” de dançarinos da Broadway conta a sua história no musical “West Side History”.

Yury Gagarin é o primeiro homem a participar de um vôo espacial.

Em 1963 surgem os Mods e os Rockers, grupos rebeldes de uma agressividade latente com seus visuais opostos.

Era uma época de muita incerteza, quase de terror, tendo o escapismo como tema dominante.

Essa atmosfera de ruptura também ficou evidente nas artes: uma nova energia e inspiração produziram a arte pop; filmes; peças revolucionárias e sua crítica social mordaz, novos escritores, e um novo estilo literário.

Os tecidos se inspiram entre 60 e 67 na Op Art – Art Optique

Optical art


Em 1963 – Morrem Edith Piaf, Marylin Monroe e John Kennedy.

Em 1964 – Deslancha o conjunto “Rolling Stones”

Nina Ricci, Lanvin e Yves Saint-Laurent abriram boutiques de Prêt-a-Porter para expandir suas grifes. Eles são artesãos de uma certa democratização da moda, até aí considerada como um luxo. Uma moda através da qual as referências culturais serão os elementos geradores de evoluçõesrevoluções.

Os modelos mudavam tão depressa que os fabricantes tinham dificuldades para renovar os estoques com a rapidez necessária.

As mudanças eram consequência de uma incerteza geral quanto ao futuro e de um desejo de ser rebelde.

O vestido de Mondrian, de YSL, a transposição da Op-Art, de Pierre Cardin, os cortes nstruídos arqui-estruturados de Courréges, nos quais os materiais contemporâneos (plásticos, papel ou metal) são simplesmente expressão de uma moda de sínteses. Síntese entre a pintura, a arquitetura e o desenho. Síntese entre linha e cor.

Em 1966 a Rússia lança Valentina no espaço. O interesse crescente pela aventura no espaço se reflete na criação desses costureiros.


Looks Pierre Cardin


Pierre Cardin apostou na imagem de uma mulher quase lunar dentro de uma silhueta justa e geométrica.

Courréges aderiu às roupas da era espacial, brancas, em quadrados e botas de pelica de cano alto.

Paco Rabanne criou roupas de argola de metal e plásticos.

As roupas estabeleceram uma nova tendência: duras e geométricas, eram eróticas, quando desnudavam o corpo. A minissaia de Mary quant era sucesso mundial. Ela abriu caminhos para arbara Hulanicki e Zandra Rhodes.

Nos anos 60 os estilistas concordaram sobre Audrey Hepburn: “Ela era a última diva a vestir.

A fantasia dos coloridos tecidos das roupas masculinas desta década, é um fenômeno único durante o século 20.

Andy warhol, o famoso astro pop americano adere ás roupas de Courréges.

Os refrões alucinantes de Bob Dylan atravessam o Atlântico e com ele o movimento Hippie. Os hippies formam um grupo totalmente diferente nos anos 60. Independentes eles rejeitam a comercialização cultural e simpatizam com os movimentos de pacificação. Usam roupas étnicas, mantôs afegãos, kaftans indianos, bandô na testa, colares de contas e cobremo corpo de flores e motivos psicodélicos.


Hippies


Sopram ventos rebeldes da Bolívia, Ernesto Che Guevara vira protagonista da Revolução cubana, ídolo e modelo para os estudantes.

Da Sorbonne, Jean Paul Sartre apóia a Revolução Estudantil e a rua passa a ser o palco das reivindicações. É maio de 1968..

O astronauta Neil Armstrong é o primeiro homem a pisar na lua.

A moda mini, maxi, midi, hippie e espacial coabitam de modo pacífico, até o início dos anos 70.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Hubert de Givenchy

Hubert de Givenchy

"Para os que se preocupam com qualidade, o prestígio é a coisa mais importante. Acredito sempre na alta-costura e desejo que ela dure até o fim da minha carreira. Sempre a defendi, com a perfeição que ela implica. Não há duas maneiras de se exercer a profissão. Sucesso não é prestígio. O sucesso é passageiro, o prestígio é outro assunto. Ele persiste depois da gente. É preciso trabalhar para não ter trabalhado em vão."

Givenchy


A extrema elegância sempre foi a principal marca das criações clássicas de Hubert de Givenchy, um francês reconhecido mundialmente por seu trabalho coerente e requintado.

Ao contrário do que sua família desejava, Givenchy não se tornou advogado, tendo cursado a Escola de Belas Artes, em Paris. Chegou a trabalhar com nomes importantes da costura parisiense, como Jacques Fath, Robert Piguet e Lucien Lelong. Trabalhou também com Christian Dior e Elsa Schiaparelli, antes de abrir sua própria maison , em 1952, no número 8 da rua Alfred de Vigny, na Monceau Plain, em Paris. Nesse mesmo ano, apresentou sua primeira coleção de alta-costura, que ficou marcada pela blusa de babados nas mangas, batizada de Bettina, nome da sua principal modelo e também relações públicas da marca. Durante os anos 50, ele criou vários modelos "chemisier", na forma saco, largos na parte superior e afunilando-se em direção à bainha. Também fez muito sucesso com os separáveis - peças que podem ser combinadas entre si -, e com as suas famosas blusas de tecidos de camisas. Foi o primeiro designer de alta-costura a apresentar uma coleção feminina de prêt-à-porter, intitulada "Givenchy Université", em 1954.


Blusa Betina


A atriz Audrey Hepburn (1929-93) traduzia o ideal de elegância e glamour que Givenchy queria para suas roupas. Era a mulher perfeita para vestir suas criações, sempre impecavelmente bem proporcionadas.


"Eu trabalho mais sobre modelos vivos que com manequins de madeira. Os manequins vivos são fonte de inspiração. Audrey Hepburn encarnou, para mim, um ideal feminino, por suas proporções e também por sua imagem."


Em 1973, entrou para o mundo da moda masculina, com o lançamento da linha Gentleman Givenchy . Em 1981 , a Maison Givenchy foi vendida, sendo que a linha de perfumes ficou com a Veuve Clicquot , e a parte de alta-costura foi para o Grupo Louis Vuitton Moët Hennessy . Atualmente, a Louis Vuitton também é proprietária da linha de perfumes fabricados pela Givenchy.

Givenchy despediu-se das passarelas em 1995 , com um desfile para o qual foram convidados apenas amigos pessoais, estilistas e principais clientes. A marca Givenchy continua a existir. Algumas das principais modelos da marca são Liv Tyler e Paula Enderle, famosas pelos comerciais da "grife".

Um ano depois, em outubro de 1996, o também britânico Alexander McQueen foi escolhido como seu sucessor. Sua primeira coleção para a Givenchy foi apresentada em janeiro de 1997 e, em 1998, ganhou o prêmio de melhor designer do International Fashion Group . Após algumas especulações sobre quem se tornaria o principal nome da marca, no lugar de McQueen, Julien Macdonald foi nomeado diretor artístico da casa em março de 2001.


Modelo Givenchy

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Filme Bonequinha de Luxo



Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany's), é um filme norte-americano de 1961 , do gênero drama , dirigido por Blake Edwards e com roteiro baseado em livro de Truman Capote.

O clássico se passa na cidade de Nova Iorque e tem cenas filmadas na famosa loja de jóias Tiffany . Apresenta Audrey Hepburn cantando Moon River , canção que faz parte da trilha sonora composta por Henry Mancini.

"Holly Golightly (Audrey Hepburn) é uma garota de programa nova-iorquina que está decidida a casar-se com um milionário. Perdida entre a inocência, ambição e futilidade, ela toma seus cafés da manhã em frente à famosa joalheria Tiffany`s, na intenção de fugir dos problemas. Seus planos mudam quando conhece Paul Varjak (George Peppard), um jovem escritor bancado pela amante que se torna seu vizinho, com quem se envolve. Apesar do interesse em Paul, Holly reluta em se entregar a um amor que contraria seus objetivos de tornar-se rica".

Bonequinha de Luxo é um filme que se torna um clássico por registrar uma época em que os produtores queriam quebrar a censura hollydiana, e o medo deles de chocar uma sociedade tão conservadora.

É interessante analisar, como naqueles tempos era "errado" uma mulher ser solteira e desempedida. Por isso, Audrey Hepburn ficou temerosa em aceitar o papel; ela teve que mudar a si mesma, para mudar a postura das mulheres daquela geração.

Mais o diretor Blake Edwards tinha Audrey, o músico Henry Mancini, e a figurinista Edith Head, e permitiu que eles brilhassem. É incrivel como os produtores e roteirista, modificaram o livro de Truman Capote, para não "chocar" o público. as cenas de sexo, até as falas que dizem que Holly (Audrey) é uma garota de programa de homens ricos, são TODAS insinuadas, nada explicito.

Hubert de Givenchy, criou o guarda-roupa , que vestiu Hepburn, para o filme e se tornou exemplo de sofisticação clássica, com seus vestidos pretos e formas limpas.

Audrey Hepburn, em "Bonequinha de Luxo", de 1961

O pretinho básico

Audrey Hepburn em pretinho básico, de Givenchy



Um vestido preto sugere sofisticação, poder e sensualidade. Um verdadeiro curinga no armário das mulheres, ele é tão básico que combina com praticamente tudo, o que lhe permite ser usado durante o dia com tênis, mochila e acessórios coloridos, ou à noite, numa produção mais elaborada.

O surgimento do que hoje chamamos de "pretinho básico" data de 1926, ano em que a revista "Vogue" publicou uma ilustração do vestido criado por Chanel - o primeiro entre vários que a estilista iria criar ao longo de sua carreira.

Antes dos anos 20, as jovens não podiam usar preto e as senhoras o vestiam apenas no período de luto.

A década de 30 começou com a grande depressão, resultado da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, e terminou com a 2a Grande Guerra. Além de estar fora de moda a ostentação, as mulheres estavam saindo para trabalhar fora de casa. Nesse cenário, as roupas para o dia tornaram-se mais sérias e o vestido preto se mostrou perfeito para a nova mulher que surgia.

Apenas em 1947 o vestido preto se transformou, ano em que o estilista francês Christian Dior lançou o seu New Look , um novo estilo de roupas, com cinturas apertadas e quadris avantajados, valorizando as formas femininas. O uniforme dos anos 50, que se espalhou pelo mundo, era um vestido preto, com golas e luvas brancas, usado com um colar de pérolas, sapatos coloridos e uma estola de pele. Acabou assim, junto com a guerra, o modo simples e econômico de se vestir.

O pretinho tornou-se realmente famoso nos anos 60 e início dos 70. Chique, usado por Jacqueline Kennedy, elegante e feminino no corpo de Audrey Hepburn, no filme "Bonequinha de Luxo", de 1961, cujo figurino foi criado pelo estilista francês Hubert Givenchy, e descontraído, feito de crochê, na pele da atriz Jane Birkin, em 1969.

Após a moda psicodélica da década de 70, a cor voltou para disputar poder com os homens, nos anos 80. Preocupadas com o sucesso profissional, as mulheres precisavam de uma roupa simples e elegante, que fosse a todos os lugares. Mais uma vez, o vestido preto se tornou a melhor opção.

Nos anos 90 ele continuou sendo uma peça básica do guarda-roupa feminino, feito com os mais diversos tecidos, do modelo mais simples ao mais sofisticado, usado em todas as ocasiões e em todos os horários. Por tudo isso o vestido preto se tornou o grande clássico do guarda-roupa feminino, aquele que garante as duas características básicas ao mesmo tempo - simplicidade e elegância.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Entrevista com Carmen Mayrink Veiga

Carmen Mayrink Veiga


por Eliane Lobato para revista Isto É (2011)

Paulista de Pirajuí, Carmen Mayrink Veiga tornou-se "a papisa da elegância bra sileira" - como é chamada - após casar-se com o empresário multimilionário Tony May rink Veiga na década de 1950. Com uma vida de princesa, conviveu com nobres como a rainha Elizabeth e Lady Di, foi pintada em quadro por Di Cavalcanti e Andy Warhol e des filou seus 400 vestidos assinados por estilistas como Yves Saint Laurent, Valentino e Azzaro nas mais seletivas mansões do mundo. Moradora de um amplo apartamento com vista para o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, e perto de completar 80 anos (dizer a idade é "jeca", segundo ela), Carmen assegura que passar pela desagradável experiência de ter de leiloar bens para pagar dívidas e ver o patrimônio en colher é apenas um capítulo da vida, e não é o mais importante. "O mais importante é ter saúde", diz ela, que há anos sofre de uma doença neurológica não definida.

Istoé - A Sra. está sempre bem arrumada com os cabelos longos pretos e...

Carmen Mayrink Veiga - Eu sou loura.

Istoé - Como assim?

Carmen Mayrink Veiga - Nasci loura, a família inteira do meu pai, italianos de Milão, tem olhos verdes e cabelos louros. Tenho olhos marrons, mas sou loura.

Istoé - Depois é que seu cabelo escureceu?

Carmen Mayrink Veiga - Escureceu nada. Pinto desde os 11 ou 12 anos.

Istoé - O que a sra., referência em elegância, acha da moda atual?

Carmen Mayrink Veiga - Depois de ver as últimas coleções internacionais, cheguei à conclusão de que a melhor coisa é mudar para a Amazônia e escolher a tribo que ande mais enfeitada com penas, franjas, etc., porque a moda, hoje, está para as índias. Por exemplo, o (Roberto) Cavalli não tem uma única roupa que você possa usar para almoçar num lugar chique. Aliás, é um tipo de roupa que eu jamais teria no meu armário uma única peça. A tendência não é mais moda, é fantasia. Na coleção do Marc Jacobs, praticamente tudo é para você entrar numa escola de samba. Tudo muito absurdamente feio e de mau gosto.

Istoé - Onde a sra. se veste?

Carmen Mayrink Veiga - Na minha vida inteira, sempre gostei de roupa atemporal. Durante 40 anos me vesti na alta-costura do (Yves) Saint Laurent e do Givenchy, esporadicamente também do Valentino. Há 35 anos sou cliente do Guilherme Guimarães. Provei a primeira vez que ele fez roupa para mim e nunca mais. Desde então, ele me faz roupas por telefone, por fax.

Istoé - A sra. permanece com as mesmas medidas?

Carmen Mayrink Veiga - Sim. Não engordo nem emagreço, fico entre 60 e 62 quilos. Meu corpo sempre foi proporcional, graças a Deus. Porque detesto essa estética de mulheres famélicas que você vê nas passarelas e teme que quebre. Mulher tem que ter peito, cintura fina, cadeira, bumbum arrebitado.

Istoé - O que acha pior na moda?

Carmen Mayrink Veiga - O "tomara-que-caia" é uma temeridade. Como alguém pode comprar uma roupa cujo nome já avisa que o destino é cair? Ainda mais hoje, em que predominam seios gigantescos de silicone, as mulheres se equilibram no peito. E têm que se equilibrar, também, numa sola de sapato de três ou quatro centímetros e salto de 15 centímetros. É uma tragédia. Vira uma mulher de circo porque tem de ser equilibrista.

Istoé - Moda tem a ver com idade?

Carmen Mayrink Veiga - Não acho. Se você tem physique du rôle pode usar minissaia, por exemplo, em qualquer idade. O parâmetro é o espelho e o bom-senso. A mulher brasileira tem muita facilidade de ficar cadeiruda e engordar, mas adora roupa apertada. Principalmente, adora uma peça chamada legging, outro horror. Quando combinado com os sapatos de hoje, que parecem ortopédicos ou da época das arenas de Roma, em que andavam em bigas, não pode ser mais feio.

Istoé - A sra. também erra?

Carmen Mayrink Veiga - Eu erro muito. E, sabendo disso, procuro todos os dias tentar aprender alguma coisa. Leio muito porque acho que os livros são fontes de saber. Gosto de ler na língua original, não gosto de livro traduzido. Minha primeira língua é o italiano, depois português. Falo também espanhol, francês e inglês. Não sou melhor que ninguém, mas sempre busquei estar informada. E não tem nada que eu goste mais, atualmente, do que ler.

Istoé - O homem pode ser elegante e sexy?

Carmen Mayrink Veiga - Todo homem sexy, não sei se você já reparou, é milionário. Pobre não é sexy. Pode rebolar o máximo que quiser, mas não são sexy. É o maior fingimento dizer que são.

Istoé - A sra. já pagou muitos dólares por vestidos, bolsas. Repetiria hoje?

Carmen Mayrink Veiga - Olha, como hoje eu não poderia comprar alta-costura, quem ler essa entrevista pode falar: "Olha só o que essa macaca está dizendo, não pode mais comprar, então diz que não." Antes de tudo, vale lembrar que a alta-costura praticamente acabou. No Brasil, além do Guilherme Guimarães, o único outro costureiro que gosto é o Lino Villaventura. Pouco tempo atrás, ele fez uma roupa para mim. A única coisa que pedi é que fosse vermelho. Ele me passou por fax três croquis e dez dias depois recebi o vestido mais bonito que vi nos últimos tempos. O Lino é alta-costura brasileira, não copia ninguém, usa rendas e bordados brasileiros. Todas as outras lojas do Rio ou de São Paulo são prêt-à-porter. Alta-costura só existe uma, a que você entra, toma medidas, escolhe o que tem na coleção e encomenda.

Istoé - Mas acontece de mulheres em festas da alta-sociedade estarem vestidas iguais, não é?

Carmen Mayrink Veiga - São todos vestidos originais, tudo bem. A tragédia é pôr um vestido de alta-costura e encontrar cópias, isso é um horror. A pessoa arranca uma página da revista, vai na costureirinha da esquina e manda fazer igual. E não é pobre que faz isso porque pobre não pode ser elegante. É brincadeira dizer que ser elegante é barato. Não é. Mas quem tem dinheiro também pode ser ridículo. O que é isso de toda semana lançarem uma Louis Vuitton ou uma Chanel e todo mundo ir correndo fazer fila na porta para comprar? Acho absolutamente ridículo. Não tem nada mais brega do que entrar em fila para comprar uma bolsa Louis Vuitton ou Chanel.

Istoé - Se a elegância tem a ver com poder aquisitivo, a classe média pode ser elegante?

Carmen Mayrink Veiga - Desde que ela não siga moda, pode. A mulher deve se pôr nua na frente do espelho e ver como é o corpo dela, se é cadeiruda, se é peituda. Hoje até pode resolver muita coisa com plástica, silicone, botox - sou contra tudo isso. Mas ela deve respeitar o seu tipo físico. E não pode seguir moda, seja bilionário, rico, classe média ou pobre. Não pode, por exemplo, usar essas botas ridículas que estão na moda e não combinam com esse calor de Senegal que a gente vive no Brasil. Andar de bota é uma palhaçada.

Istoé - E o homem tem de andar de terno nesse calor?

Carmen Mayrink Veiga - Acho que o homem é obrigado a pôr terno, gravata e camisa linda em todos os jantares chiques em que as mulheres vão bem vestidas. Mas as coisas estão mudando muito. Outro dia, falei de casaca e meu neto que mora há 14 anos em Londres, perguntou: "Vovó, o que é casaca?" Só faltei matar. Neto meu não saber o que é casaca!

Istoé - A presidente Dilma é elegante?

Carmen Mayrink Veiga - No dia em que conheci a Dilma (no ano passado, em um almoço na casa de Lily Marinho para apoiar a então candidata petista) me encantei com ela. Uma senhora ainda moça, com maquiagem muito discreta, sem bossas complicadas, usava um tailleur tipo Chanel, ótima. No dia de sua posse, ela estava muito, muito bem: um tubinho pelo joelho, com casaquinho em espécie de rendona bem brasileira. Estava bem-vestida para andar em qualquer parte do mundo.

Istoé - Se fosse dar um conselho para a presidente, qual seria?

Carmen Mayrink Veiga - Diria para andar o mais que puder de terninho porque é a roupa mais elegante que tem e ninguém erra com ele. Tenho uns 12 do Yves Saint Laurent, me sinto tão bem com essas roupas! Na dúvida, põe um terno e tudo dá certo.

Istoé - O que é adequado para nosso clima tropical e a gente não dá valor?

Carmen Mayrink Veiga - Bolsa de palha. Tem coisa mais bonita para o verão? Quem usa muito bolsa de palha no verão é quem sabe das coisas, quem tem tudo, quem se garante. Não está preocupada com o que Maria ou Maricota vão achar. Quem está por fora pode ter a bolsa mais linda do mundo, caríssima, de palha, mas não usa porque não acha que é chique.

Istoé - Quantas bolsas a Sra. tem?

Carmen Mayrink Veiga - Não sei. Outro dia, mandei umas 50 para uma feiririnha beneficente que uma amiga faz. Não sei quantas tenho ainda. Mas deveria ter poucas, não preciso de muitas, vou fazer cada vez mais isso, reduzir e doar o que não preciso mais.

Istoé - Perder poder aquisitivo é doloroso?

Carmen Mayrink Veiga - Sinceramente, a partir dos anos 1980 o mundo começou a mudar.Sair com muitas joias, usar muita alta-costura, tudo isso começou a cair. Onde vou usar tanta roupa chique hoje? A santa da minha devoção é Terezinha, que ensina a se desapegar dos bens terrenos. Nunca fui apegada a nada. Eu adorava receber, nunca chamei decorador para fazer as flores, tenho as toalhas e porcelanas mais lindas do mundo. Essa é a mudança que mais sinto, não ter saúde para receber mais, não é a questão financeira, porque com o que tenho posso viver 400 anos sem jamais comprar uma coisinha. O que mudou a minha vida foi a minha doença, que ninguém sabe o que é e não tem cura.

Istoé - Não tem diagnóstico?

Carmen Mayrink Veiga - Tenho uma doença neurológica sem definição, já consultei os melhores médicos do mundo, quer dizer, os que valem a pena, nos Estados Unidos, na Inglaterra e Espanha - França e Itália não valem a pena no meu caso - e nunca ninguém descobriu o que eu tenho, mas não tem cura. E só piora.

Istoé - A Sra. resistiu a fazer plástica no nariz?

Carmen Mayrink Veiga - Nunca quis mexer nele nem em nada. Acho ótimo meu nariz. Desde que tenho 16 anos, tudo o que é médico vem perguntar: "Você não quer fazer o nariz?" Todas as minhas amigas fizeram. Quando o (fotógrafo) Mário Testino falou comigo pela primeira vez, ele disse: "Você é um deslumbramento, a primeira mulher que vejo no Brasil que não tem narizinho feito, você tem superpersonalidade." Hoje todos seguem o mesmo padrão. Qual o valor disso? Você vê na Rede Globo as atrizes e não consegue saber o nome porque são todas iguais.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Vídeo: 100 anos de moda em 100 segundos



Se tem uma coisa que muda, e muito, com o tempo, além do cabelo, é o modo como os seres humanos se vestem. Pensando nisso o shopping Westfield Stratford fez esse comercial para anunciar sua estreia onde mostra 100 anos da moda londrina em apenas 100 segundos por meio de um casal de dançarinos.

O resultado é simplesmente sensacional e você pode assistir aqui.

sábado, 14 de janeiro de 2012

O Jeans nosso de cada dia


A história da fantástica aventura do jeans começou em Nimes, na França, onde foi fabricado pela, primeira vez. No entanto, foi a indústria têxtil de Maryland, na Nova Inglaterra, que popularizou, em 1792, o uso desse tecido de algodão sarjado, que chamaram de denim por ser fabricado com as mesmas características do pano que se fazia em Nimes.

Por ser um tecido que não merecia grandes cuidados e era durável, no início ele era destinado a roupas para o trabalho no campo e também para os mineiros de ouro na Califórnia. O jeans só se tornaria mais macio muito tempo depois, quando começou a ser lavado com pedras antes de ser posto à venda.

Esse jeans mais macio era produzido por um alfaiate da Califórnia, que fazia calças para mineiros, e que, mais tarde, se associou à Levi-Strauss. Utilizava-se o tecido, vindo de Maryland, e geralmente na cor marrom, para cobrir carroças. Quando a venda de tecido para essa finalidade caiu, ele passou a ser utilizado na fabricação de calças, em uma modelagem resistente e própria para o trabalho das minas. Depois, ao ser vendido em larga escala, o jeans (já tingido de azul - na verdade um tom verde, que com o tempo e a luz, ainda na tecelagem, vai se transformando no indigo blue) se tornaria o elemento principal de uma verdadeira revolução no modo de vestir.

O tradicional modelo 501, de Levi-Strauss


Pode-se dizer que as atuais calças em jeans têm o mesmo estilo daquelas que fizeram sucesso com os mineiros, depois com todos os trabalhadores americanos, e, mais tarde, com os hippies, que as utilizaram como símbolo de rebeldia contra as roupas convencionais. Assim, o jeans tornou-se um tipo de moda nascida não pela imaginação dos estilistas, vinda de cima para baixo, mas de baixo para cima, acabando por tornar-se um clássico da roupa.

James Dean e seu jeans, nos anos 50


Nomes da alta costura, como Jacques Fath, Pierre Cardin, Givenchy, Pierre Balmain e até o muito esnobe Van Cleef Arpels, acabaram por ligar suas etiquetas à trajetória do jeans como moda. Ele tornou-se um fenômeno bastante singular. Usado em todos os continentes por trabalhadores do campo e da cidade, foi adotado tanto pelos ricos quanto pelos pobres, curiosamente sempre conservando as características originais das primeiras calças feitas por Levi-Strauss. Popularizado no cinema por astros como Marlon Brando e James Dean, o jeans passou a ser o símbolo de toda a geração que ligava rebeldia à liberdade (ou comodidade).

No início, foram os jovens que o usaram com entusiasmo, fugindo das roupas convencionais, na década de 40. Estes, quando adultos, nos anos 50, adotaram o jeans também como estilo casual, usando-o com camisa social, gravata e blazer. O antigo modelo 501 da Levi-Strauss, com rebites e botões de metal, é até hoje o mesmo, inspirando o estilista americano Calvin Klein quando lançou a sua marca. A propaganda de Klein, na época, tornou-se famosa. Ele colocou Brooke Shields, então a ninfeta do momento, num imenso outdoor em plena Times Square, Nova York, declarando: "Entre eu e o jeans não existe mais nada". Pode-se dizer que também há uma grande intimidade entre o jeans e o espírito da própria sociedade contemporânea.

Brooke Shields, na campanha de Calvin Klein, 1988

Verdadeira origem do estilo casual, as roupas de jeans aguçaram a criatividade e determinaram uma maneira de vestir. O casual avançou tanto que os estilistas perceberam a necessidade de introduzir também mudanças na moda clássica, tornando-a mais moderna. Houve também resistência ao jeans, e muitos costureiros decretaram que em pouco tempo os homens também usariam saias. Ou se vestiriam de maneira futurista, como os astronautas. Nada disso aconteceu, mas descobriram-se novos tecidos, proporções e cortes que tornaram as roupas cada vez mais perfeitas. A indústria da moda tornou-se gigantesca e democrática para abrigar várias tendências de estilo. E o jeans foi incorporado a esse espírito.

Geração Beat

Beatnicks


Estar em movimento. Eis o principal objetivo da Geração Beat, grupo de jovens intelectuais americanos que, em meados dos anos 50, cansados da monotonia da vida ordenada e da idolatria à vida suburbana na América do pós-guerra, resolveram, regados a jazz, drogas, sexo livre e pé-na-estrada, fazer sua própria revolução cultural através da literatura.

O termo Beat, usado para classificar a nova geração, é de origem controversa. Jack Kerouac, principal escritor do movimento, queria que o termo fosse uma abreviação de beatitude (mesmo significado em português), enquanto outros, principalmente os críticos e estudiosos, atribuíram tal denominação à influência direta do jazz, principal fonte de gírias e novos termos da contracultura da época. Da soma do radical beat com o sufixo do satélite russo Sputnik , que havia sido mandado ao espaço em 1957, surge a palavra beatnik, usada para designar dali em diante todos os seguidores do movimento. 1957 foi também o ano da publicação de On the Road .

On the Road , de Kerouac , foi o marco milhar deste movimento que, como nenhum outro na história, recebeu imediata e completa cobertura dos meios de comunicação de massa, elevando à celebridade escritores até então obscuros, oriundos dos dormitórios das faculdades de Nova Iorque, São Francisco e Califórnia, jovens que lutavam para publicar seus primeiros trabalhos. Esta amplificação imediata e de costa-a-costa exauriu completamente o conteúdo e a voz do movimento por um processo que se tornaria muito comum nas décadas seguintes do século XX, a saturação da mídia (basta lembrar da declaração de Andy Warhol sobre os 15 minutos de fama), restando nos dias de hoje do grande "boom" de três anos e dezenas de livros, poucas obras de qualidade artística inquestionável. Apesar desta saturação, a mensagem dos beatniks "a revolução na linguagem e nos costumes" só repercutiria decisivamente sobre o comportamento dos jovens americanos uma década mais tarde com o aparecimento das primeiras comunidades hippies no final dos anos 60.

A geração Beat foi composta basicamente por homens, que podiam ou não manter relações sexuais entre si, fato, porém, de secundária importância, uma vez que o principal objetivo desses escritores era estar em conjunto, desfrutar de parceria nas viagens, tanto físicas quanto psicotrópicas. Pode-se dizer que esse prazer de estar entre amigos, essa espécie de prolongamento do sentimento colegial de fazer parte de uma turma, de estar para sempre entre grandes camaradas foi a tônica do discurso literário, o leitmotiv de toda a Geração. Atente para o terrível sentimento de perda desta comunidade nas palavras do poeta Allen Ginsberg na famosa introdução do poema O uivo :

Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa, (...)

Esta idéia de desmantelamento inevitável, primeiro dos indivíduos e depois das relações interpessoais, é muito bem expressa nas palavras do crítico americano Eric Homberger :

"A literatura dos Beats é sobre o laço de amizade entre homens, sobre a afetuosidade entre eles, sobre a tristeza da descoberta de que o amor e a paixão fenecem. Todo o resto - o zelo pela religião oriental, o flerte com o Existencialismo, a fascinação pelos sonhos, o radicalismo político, a paixão pelas drogas, a liberdade sexual - era meramente decoração de uma complexa rede de relacionamentos pessoais".

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Filme: "Grease, nos tempos da brilhantina"

Pôster do filme "Grease, nos tempos da brilhantina" - 1978


Grease, nos tempos da brilhantina é um musical que retrata a juventude dos anos 50, buscando contextualizar a cultura jovem que emergia neste periodo.

" Califórnia, década de 50. Danny (John Travolta) e Sandy (Olivia Newton-John), um casal de estudantes, trocam juras de amor mas se separam, pois ela voltará para a Austrália. Entretanto, os planos mudam e Sandy por acaso se matricula na escola de Danny. Para fazer gênero ele infantilmente lhe dá uma esnobada, mas os dois continuam apaixonados, apesar do relacionamento ter ficado em crise. Esta trama serve como pano de fundo para retratar o comportamento dos jovens da época. "

Os estilos iam do mais ousado ao mais recatado. No mais ousado, maquiagem meio carregada, batom e rímel fortes, para ressaltar. Roupas mais agarradas e cabelo cheio, para chamar mais atenção. As mulheres deste estilo costumavam fumar e adoravam sapato alto plataforma.

No mais recatado, tiaras, cabelo com um pouco de laquê, vestido pouco folgado, mas não curto. Aqueles com faixa na cintura eram bem usados, assim como as cores claras, de tom pastel. A maquiagem, podia ser um rimel forte, mas com baton discreto, no máximo um rosa pink. Como complemento, bolsinha de mão.

Para os homens, o clássico visual composto de jaqueta de couro preta, camiseta branca por dentro e jeans com botas engrachadas, sem dispensar a emblemática motocicleta. Os cabelosfaziam um visual topetudo, á base da famosa brilhantina


Looks dos anos 50

Há um problema muito grande, em relação a essa época, pois no Brasil a moda demorava muito a ser difundida. As revistas de moda demoravam para chegar aqui. Às vezes dependia-se de algumas socialites, que iam a europa para trazer as novidades. Haviam também as famosas casas de moda como "Canadá" e "Vogue" que compravam originais, copiavam e vendiam suas copias (claro que com autorização das Maisons). Os anos 50 acabaram acontecendo no Brasil, nos anos 60. os vestidos de bolas e rodados são dos anos 50 pela grande influencia de Christian Dior. já o filme grease era final dos anos 50 e inicio dos anos 60.

Christian Dior e a reinvenção da silhueta feminina

Christian Dior, em seu primeiro ateliê

Um homem tímido e aparentemente comum, Christian Dior (1905-1957) transformou a maneira de se vestir após a Segunda Guerra Mundial e criou o estilo dos anos 50. Quando todos previam simplicidade e o conforto, ele propôs o luxo e a feminilidade extrema, copiados por mulheres do mundo inteiro.

"Nós saímos de uma época de guerra, de uniformes, de mulheres-soldados, de ombros quadrados e estruturas de boxeador. Eu desenho femmes-fleurs, de ombros doces, bustos suaves, cinturas marcadas e saias que explodem em volumes e camadas. Quero construir meus vestidos, moldá-los sobre as curvas do corpo. A própria mulher definirá o contorno e o estilo."

Christian Dior Sua primeira coleção foi apresentada no dia 12 de fevereiro de 1947 e causou um verdadeiro estardalhaço entre a imprensa. Aquele homem tímido e educado havia criado o eterno "New Look". Surgia aí um mito, Christian Dior, que viria se tornar sinônimo de sofisticação e elegância no luxuoso mundo da alta-costura.

Quando Carmel Snow, redatora da revista americana "Harper's Bazaar", viu os modelos apresentados por Dior, exclamou: "This is a new look!" Desde então, o nome original da coleção, que era "Ligne Corolle" (Linha Corola), se tornou conhecida como "New Look". Em sua primeira coleção, Dior conseguiu mudar todo o conceito de praticidade e simplicidade das roupas femininas, até então uma necessidade dos tempos de guerra e uma tendência da moda criada por Chanel. Após tantos anos de restrições, a mulher necessitava se sentir novamente feminina e ansiava pela elegância e o luxo perdidos. Dior acertou e criou modelos extremamente femininos, luxuosos, sofisticados e elegantes, inspirados na moda da segunda metade do século 19. Os vestidos e saias eram mais longos, o busto mais acentuado, a cintura bem marcada e as saias amplas. Apesar das críticas, com relação a grande quantidade de tecido usado por ele para a confecção de vestidos e saias, ainda num momento díficil para a indústria têxtil, nunca um estilo de roupa chegou tão rápido às ruas. Mulheres de todas as partes do mundo copiaram seus modelos.

O "tailleur Bar", símbolo da primeira coleção assinada por Christian Dior

O modelo que se tornou o símbolo do "New Look" foi o tailleur Bar, um casaquinho de seda bege acinturado, ombros naturais e ampla saia preta plissada quase na altura dos tornozelos. Luvas, sapatos de saltos altos e chapéu completavam o figurino impecável. Com essa imagem de glamour, estava definido o padrão nos anos 50.

Em sua coleção de 1951, o estilo princesa ficou consolidado como sua marca, mas a novidade foi o uso do terno masculino em roupas femininas. Dior apresentou um tailleur em lã cinza, que expressava todo o conceito de masculinidade, transportado às roupas femininas. Criou a linha H, em 1954, que era a base de toda a coleção, com modelos que erguiam o busto ao máximo e baixavam a cintura até os quadris, criando a barra central da letra H. Também criou modelos luxuosos, com muita seda e tule bordado com incrustações drapeadas, como no vestido de baile "Chambord", que para ele significava o luxo ao redor da cintura, além dos vestidos de tecidos diáfanos, com várias saias sobrepostas e comprimentos variados. A linha Y surgiu em 1955 e mostrava um corpo esguio com a parte superior mais pesada, com golas grandes que se abriam em forma de V e a "Linha A" trouxe vestidos e saias que se abriam a partir do busto ou da cintura para formar os dois lados de um A. Fortes referências da marca CD até hoje, e que ficaram famosas durante os anos 50, são as estolas, as mangas três quartos, além do conjunto em tons pastéis de cardigã, blusa e saia de crepe.

Linha H, Dior – 1954